quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Características da Entidade Zé Pelintra



Não tenho interesse em pesquisar as raízes antropológicas da entidade e nem tampouco esmiuçar o modo de vida que o chamado José Gomes da Silva viveu. Eu gostaria apenas de desmistificar nesse tópico o arquétipo dessa entidade, ou melhor, as múltiplas facetas que envolvem esse espírito tão misterioso.

Sabe-se que é uma entidade que tem suas raízes no catimbó, no culto à Jurema, um grande mestre nos feitiços e na cura, conhecido por muitos como o médico dos pobres, também leva outros epítetos como Dono da noite, rei da Magia e como ele mesmo gosta de dizer, “Sou Zé Pelintra e não pilantra, eu sou pai e não padrasto”.

No catimbó, essa entidade trabalha com cachimbo, sotaque carregado e chapéu de palha, confesso que não sabia disso, através de informações que obtive do próprio e algumas pesquisas realizadas com alguns irmãos do culto a Jurema, consegui mesclar tais informações e fortalecer a minha convicção naquilo que estou escrevendo. Mas... Voltando, ele se apresenta com chapéu de palha, andava com gingado, sotaque carregado, usava um cachimbo, pois no culto à Jurema, a fumaça é o elemento primordial para a utilização da magia dentro do culto, portanto, o cachimbo por produzir maior fumaça e ser produzido artesanalmente, é muito utilizado pelos mestres juremeiros, o Zé do catimbó tomava sua pinga geralmente na cuíca e enfim, trabalhava como grande parte dos juremeiros existentes dentro do culto.

Quando essa entidade adquiriu grande reconhecimento, o seu nome propagou nos quatro cantos do Brasil, foi também cultuado nos terreiros cariocas, aí essa falange passou por uma transformação muito grande, de um negro mulherengo do sertão nordestino, virou um sambista farrista das favelas cariocas, aí, todo o seu arquétipo foi modificado, talvez, de acordo com o funcionamento dos terreiros e a vibração dos médiuns do qual o Sr. Zé trabalhava.

Hoje o Sr. Zé se apresenta de terno branco, muito típico dos malandros das favelas cariocas, chapéu combinando com seu terno, sapato de sambista, sotaque mais puxado para o malandro, fumando cigarro ou até mesmo charuto, enfim, foi modificada toda uma cultura em cima de uma entidade. Muitos “Zés” pedem esse chapéu branco e alguns até bengala. 

Eu, quando via o Sr. Zé Pelintra pedindo chapéu de palha e pedindo seu cachimbo ou charuto eu achava algo totalmente estranho, porque o pai da casa trabalhava com um tipo de Zé Pelintra totalmente diferente, andava numa ginga diferente, o que eu conheço, pedia seu cachimbo, pinga no copo de vidro, chapéu branco e tudo mais, totalmente diferente do outro Sr. Zé que conheci, muito mais simples, uma forma de trabalho totalmente distinta. Eu estava ficando meio maluco.

Estou escrevendo esse “post” justamente por alguns médiuns ficarem muito em dúvida, é claro que isso não se resume apenas com a falange do Sr. Zé Pelintra, muitas entidades podem vir completamente diferentes no médium justamente por mesmo que carregue o nome da falange, é outra entidade, outro espírito, que varia a vibração, seu grau de luz, o médium do qual está ocupando e a forma de trabalho da casa, isso é uma regra imutável, em outras palavras, cada espírito, mesmo levando o nome como Rompe-Mato, Sete Flechas, são entidades individuais que carregam o nome de sua falange, que veremos depois o que realmente é uma falange. 

Existem centenas de Zé Pelintra, cada qual com o seu conhecimento, portanto, é pífio caracterizá-lo em apenas em uma forma de trabalho, se o seu usa chapéu de palha, chapéu de couro ou chapéu panamá, não importa, o que importa é o seu grau de conhecimento e os resultados do seu trabalho dentro do centro. Tem o Zé feiticeiro, o quimbandeiro, o curandeiro e o mandingueiro, independente da característica do seu Zé, Saravá a corrente do Zé Pelintra.

Portanto, é muito comum os médiuns iniciantes compararem suas entidades ou acharem que está fazendo algo errado, mas confiem em sua intuição, fiquei atônito quando vi o Sr. Zé pela primeira vez vindo assim, mas procurei, persisti e vi que graças a Deus, não era o que eu temia, ou seja, pura ilusão do meu consciente.

Namastê

Neófito da Luz

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